Postado dia 05/07/2021
Ecóloga (UNESP - Rio Claro), Mestre em Arquitetura e Urbanismo (UNESP - Bauru) e doutoranda em Ecologia, Evolução e Biodiversidade (UNESP - Rio Claro). Realizou intercambio com ênfase em Planejamento urbano na Universita di Bologna (Itália) e estágio de pesquisa no INECOL A.C. (México). Atualmente está terminando a residência no programa de Especialização em Arquitetura, Urbanismo e Engenharia Civil, oferecido pela Unicamp cuja proposta é desenvolver um projeto para o Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS), que será instalado em Campinas. Estudos em Ecologia Paisagem podem nos ajudar a definir estratégias para a conservação de muitas espécies e, falando em cidades, esses estudos têm, particularmente, uma função essencial na hora de guiar os gestores urbanos a planejar áreas verdes que possam contribuir para a conservação de muitas espécies vegetais e animais. Tratando particularmente das aves, você sabia que pensar numa paisagem urbana que tenha muitas ruas arborizados e parques pode ajudar na conservação das mesmas? Mas antes de falar disso, vamos entender primeiro o que é paisagem!
A palavra paisagem tem múltiplos significados. Foi o filósofo e historiador francês Jean Marc-Besse [1] que conseguiu sintetizá-la em cinco conceitos principais: 1) representação cultural e social, 2) território produzido pelas sociedades ao longo da história, 3) complexo sistêmico, 4) espaço de uma experiência fenomenológica e 5) projeto. Em Ecologia e outras ciências da natureza (Geologia, Pedologia, Biologia, Climatologia, etc), se utiliza o terceiro significado descrito pelo autor, no qual a paisagem é vista como uma totalidade dinâmica, evolutiva, atravessada por fluxos de natureza biótica e abiótica.
Uma das ramificações da Ecologia, é a Ecologia da Paisagem, que surgiu pela primeira vez em 1939, fundamentada pelo cientista Carll Troll, como um estudo das inter-relações dos elementos físicos da paisagem como meio de vida [2]. A Ecologia da Paisagem nasce da união de geógrafos e ecólogos, com duas abordagens: a geográfica e a ecológica. Enquanto a abordagem geográfica privilegia o estudo da influência do homem sobre a paisagem, a ecológica enfatiza o contexto espacial sobre os processos ecológicos e a paisagem passa a ser classificada como: área heterogênea composta por grupos de ecossistemas interativos [3] ou um mosaico de formas e usos heterogêneos de terra e tipos de vegetação [4]. Nesse caso, a Ecologia da Paisagem procuraria entender como esse mosaico de diferentes usos da paisagem influenciam – ao longo do tempo e do espaço – as espécies.
Tendo analisado esse histórico e fixado esse conceito, podemos perceber que há inúmeras possibilidades de interação dos seres vivos com a paisagem e que a composição dela influencia na biodiversidade e explica muito a riqueza de espécies em escala regional. Estudos mostrando essa relação não faltam, mas a grande novidade das últimas décadas é compreender essa relação dentro das cidades. Embora a Ecologia Urbana como ciência tenha surgido entre as décadas de 1970 e 1990, é nos últimos anos que tem sido publicado a maioria dos trabalhos de Ecologia das Paisagem nas cidades, principalmente considerando o contexto sul-americano [5].
E quando se trata de Ecologia de Paisagem aplicada ao contexto urbano, o que se tem visto é que embora, frequentemente, a urbanização tem sido associada à perda de biodiversidade, as cidades, se bem planejadas, podem ser verdadeiros refúgios para a fauna, principalmente pensando em aves. O que vai definir isso é uma série de questões que devem ser analisadas: quais espécies de árvores são usadas na arborização urbana? Há muitos parques e praças arborizados na cidade? Se sim, eles estão conectados? Qual a qualidade dos córregos e rios urbanos? Como é a questão da mobilidade e do fluxo de pessoas?
A palavra paisagem tem múltiplos significados. Foi o filósofo e historiador francês Jean Marc-Besse [1] que conseguiu sintetizá-la em cinco conceitos principais: 1) representação cultural e social, 2) território produzido pelas sociedades ao longo da história, 3) complexo sistêmico, 4) espaço de uma experiência fenomenológica e 5) projeto. Em Ecologia e outras ciências da natureza (Geologia, Pedologia, Biologia, Climatologia, etc), se utiliza o terceiro significado descrito pelo autor, no qual a paisagem é vista como uma totalidade dinâmica, evolutiva, atravessada por fluxos de natureza biótica e abiótica.
Uma das ramificações da Ecologia, é a Ecologia da Paisagem, que surgiu pela primeira vez em 1939, fundamentada pelo cientista Carll Troll, como um estudo das inter-relações dos elementos físicos da paisagem como meio de vida [2]. A Ecologia da Paisagem nasce da união de geógrafos e ecólogos, com duas abordagens: a geográfica e a ecológica. Enquanto a abordagem geográfica privilegia o estudo da influência do homem sobre a paisagem, a ecológica enfatiza o contexto espacial sobre os processos ecológicos e a paisagem passa a ser classificada como: área heterogênea composta por grupos de ecossistemas interativos [3] ou um mosaico de formas e usos heterogêneos de terra e tipos de vegetação [4]. Nesse caso, a Ecologia da Paisagem procuraria entender como esse mosaico de diferentes usos da paisagem influenciam – ao longo do tempo e do espaço – as espécies.
Tendo analisado esse histórico e fixado esse conceito, podemos perceber que há inúmeras possibilidades de interação dos seres vivos com a paisagem e que a composição dela influencia na biodiversidade e explica muito a riqueza de espécies em escala regional. Estudos mostrando essa relação não faltam, mas a grande novidade das últimas décadas é compreender essa relação dentro das cidades. Embora a Ecologia Urbana como ciência tenha surgido entre as décadas de 1970 e 1990, é nos últimos anos que tem sido publicado a maioria dos trabalhos de Ecologia das Paisagem nas cidades, principalmente considerando o contexto sul-americano [5].
E quando se trata de Ecologia de Paisagem aplicada ao contexto urbano, o que se tem visto é que embora, frequentemente, a urbanização tem sido associada à perda de biodiversidade, as cidades, se bem planejadas, podem ser verdadeiros refúgios para a fauna, principalmente pensando em aves. O que vai definir isso é uma série de questões que devem ser analisadas: quais espécies de árvores são usadas na arborização urbana? Há muitos parques e praças arborizados na cidade? Se sim, eles estão conectados? Qual a qualidade dos córregos e rios urbanos? Como é a questão da mobilidade e do fluxo de pessoas?

Figura 1: Bem-te-vi rajado (Myiodynastes maculatus) encontrado e fotografado na Praça Rui Barbosa, no centro de Bauru-SP
conservação da biodiversidade